segunda-feira, 7 de maio de 2012

Poluição se concentra em Fortaleza

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A Semace monitora a balneabilidade de 65 pontos, mas apenas Fortaleza possui praias impróprias para banho
O mar pode continuar azul, o sol predominar, mas as praias de Fortaleza não estão assim o melhor cartão postal da cidade. É que dos 65 pontos cujas condições de balneabilidade são monitoradas pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace) - 31 em Fortaleza e 34 nos demais municípios da Região Metropolitana e do litoral Leste e Oeste - há poluição apenas nas praias da Capital.

Conforme o boletim do órgão divulgado na última sexta-feira, dos pontos de Fortaleza, 15 estão impróprios e 16 próprios para banho. Ou seja, quase metade da área monitorada (48,3%) está com coliformes fecais acima do admitido.

Se estivesse chovendo em Fortaleza, a situação poderia ser ainda pior já que as precipitações aumentam o número de pontos impróprios devido à grande quantidade de lixo, esgoto e outros detritos no mar.

Basta passear por um dos pontos da Região Metropolitana, como a Cofeco, por exemplo, para perceber a diferença das praias da Capital: areias limpas, um mar onde se pode nadar sem medo de encontrar sujeira.

"Além da frequência ser bem menor, os próprios barraqueiros limpam as barracas no fim do dia, os frequentadores também não espalham nem jogam lixo ao redor. Depois, o lixo vai para as lixeiras e é só guardar o caminhão da limpeza da Prefeitura. Por isso, fica tudo limpinho" justifica Raimundo Marques, garçom de uma das barracas dispostas pela orla da Cofeco.

A mesma opinião tem a dona de casa Maria Assunção Oliveira, que escolheu o local para passar o domingo com a família. "Moro mais perto da Praia do Futuro, mas prefiro aqui. Lá, eu até já furei o pé com espinha de peixe jogada no chão", destaca.

À primeira vista, o fato de a poluição estar concentrada em Fortaleza parece estranho, mas é comum. Conforme Lincoln Davi, analista do setor de Gerência de Análise e Monitoramento da Semace, há períodos de se identificar poluição fora de Fortaleza, porém é raro. E é mais raro ainda os pontos da Capital estarem todos balneáveis. Isso porque são muitas as variáveis contribuindo para este cenário. Para começar, a cidade cresceu muito, houve um adensamento urbano significativo, mas o saneamento básico não avançou da mesma forma.

"O principal problema, entretanto, é a quantidade excessiva de ligações clandestinas de esgoto caindo na rede pluviais", analisa Davi.

Ao mesmo tempo, acrescenta o analista, praticamente, só em Fortaleza existem comunidades de baixo poder aquisitivo morando às margens dos rios, como o Cocó e o Maranguapinho. Nesses locais, por serem áreas de preservação permanente, não passa rede de esgotamento sanitário. Então, tudo o que é esgoto e resíduo sólido dessa população é depositado nos rios, que acabam desaguando o que de pior possuem no mar. Os rios Cocó, no Caça e Pesca e o Maranguapinho, na Barra, hoje, são fortes fontes poluidoras.

Para resolver a situação, já existe trabalho conjunto entre Semace, Cagece e Prefeitura de Fortaleza para monitoramento desses rios, prevenção corretiva e preventiva junto à população. Vê-se, por exemplo, quem está lançando esgoto sem tratamento, os locais onde já há rede de saneamento, mas as pessoas insistem em fazer ligações clandestinas para as galerias pluviais. O problema, lembra Lincoln Davi, é mais amplo do que se imagina.

Mutirão
E foi para minimizar a poluição da Praia do Futuro que o grupo de voluntários "Consciência Limpa", formado por aproximadamente 30 pessoas, se dispôs a percorrer a orla, ontem, saindo da Barraca Crocobeach, recolhendo todo o lixo que encontravam pelo caminho.

Segundo Lucas Moreira, organizador do movimento, o objetivo do grupo não é apenas conscientizar as pessoas da limpeza, mas mostrar como se respeitar o meio ambiente e estimular nos frequentadores o hábito de não jogar o lixo no chão.

É a segunda vez que os voluntários fazem este trabalho. A primeira foi no último dia 15 de abril, na Praia de Iracema, onde, segundo Lucas, a situação é mais grave. "Lá, não há lixeiras, é bem mais sujo do que a Praia do Futuro", avalia.

Fonte: Diário do Nordeste

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