sábado, 1 de dezembro de 2012

Borboletas podem sinalizar degradação ambiental

 

Asas azuis, amarelas, multicoloridas, de vários tamanhos e com uma beleza encantadora, são as características das lepidópteras ou simplesmente borboletas. Esses seres são extremamente úteis ao meio ambiente por atuarem como sinalizadores de degradação ou de preservação ambiental. Por sua importância na análise da área ecológica, esses insetos têm sido foco de um grupo de pesquisa formado pelos alunos do curso de Biologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Lucas Pereira Martins, Leonardo Feitosa e Elias Soares, sob a coordenação a professora Gisele Garcia Azevedo e do professor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), Marcelo Duarte.
A pesquisa, que conta com o apoio e o financiamento da Fapema, será desenvolvida até abril de 2013, em dois fragmentos de mata amazônica, localizados no município de São José de Ribamar. O grupo de pesquisa escolheu esses dois locais, considerando uma área impactada e outra menos impactada. Com essa diferenciação, será possível perceber a variedade e a quantidade de borboletas em cada área e mapear as espécies que se adaptam em cada uma dessas regiões. Como explica um dos membros o grupo de pesquisa, Lucas Pereira Martins: “As borboletas são consideradas organismos modelos, elas são indicadoras de impactos ambientais, pois têm o ciclo de vida curto e uma interação muito grande com o meio ambiente. Escolhemos dois fragmentos diferenciados e estamos verificando as características desses insetos e sua incidência para podermos fazer um mapeamento dessas regiões”.
Muitos trabalhos em regiões tropicais, como a de São José de Ribamar, têm identificado o aumento do número de borboletas e uma maior riqueza em áreas perturbadas, o que pode ser característico desses ambientes, podendo favorecer tanto algumas espécies do ambiente original (não impactado) quanto espécies invasoras. Com essa observação, muitos pesquisadores entendem que algumas espécies, de fato, desaparecem de um sistema perturbado, enquanto outras podem ter suas populações aumentadas. Por isso, monitorar as comunidades dessas espécies de borboletas ao longo do tempo pode contribuir para a análise e a proteção dessas áreas, criando medidas que diminuam os efeitos da perturbação ambiental, antes que sejam irreversíveis.
Método e resultados parciais da pesquisa
Em um ano de pesquisa, foram capturadas 204 borboletas em armadilhas, compreendendo 26 espécies. O grupo tem colhido borboletas de duas guildas (tipos de borboletas), as frugívoras, que se alimentam de nutrientes de frutas fermentadas e seiva de plantas, e as nectarívoras, que se alimentam de néctar durante a vida adulta. Os pesquisadores capturam essas espécies e fazem a coleta de dados, nomes, espécies, tamanhos e áreas em que foram capturadas. Até o momento, segundo Lucas Pereira Martins, foi observado que tem uma grande diferença no número de borboletas nos dois fragmentos e diferenças na estação seca e chuvosa. “É interessante como elas estão ligadas diretamente ao período de chuva. Na época de maior pluviosidade, tem mais borboletas e na seca tem menos”, frisa.
O grupo reparou, ainda, que as espécies entre os fragmentos não têm diferido muito, o que muda entre as áreas é a quantidade de borboletas. “Por incrível que pareça, no fragmento mais impactado tem tido maior número de borboletas do que o mais preservado, e algumas hipóteses é que o fragmento de mata impactado e o preservado não são distantes, e pode estar havendo uma transição de borboletas entre os espaços”, explica Lucas Martins. Segundo o pesquisador, se as áreas fossem muito distantes, na área impactada o número seria pequeno, mas se fosse só preservado o número seria bem maior.
Após o término da pesquisa, haverá a criação de uma coleção etimológica, com dados sobre as espécies de borboletas coletadas e suas características. A coleção será uma contribuição para as futuras pesquisas com lepidópteras e estará disponível para a visitação no curso de Biologia da UFMA. Será feito, ainda, um catálogo com fotos das borboletas e dados, para pesquisas futuras.

Fonte: imirante.com

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