quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Extrativismo ganha força no Cariri

A cadeia produtiva do pequi e do coco babaçu, na região sul do Estado, deverá passar por um processo de organização e fortalecimento. A promoção do arranjo produtivo desses produtos, contando com os povos e comunidades, está sendo debatida com órgãos ambientais e a própria população. São mais de 1000 famílias que sobrevivem atualmente com a extração desses produtos.

FOTO: ELIZÂNGELA SANTOS

A meta é poder oferecer melhores condições de processamento e aproveitamento. Municípios como Barbalha, Jardim, Santana do Cariri, Missão Velha, Crato, dentre outras cidades onde há a produção, estarão envolvidos. O projeto de um ano, desenvolvido por meio da Fundação Araripe, em parceria com órgãos federais e Programa das Nações Unidades para o Desenvolvimento (Pnud), tem a finalidade de diagnosticar a cadeia e compreender os entraves que existem e quem está atuando nesse processo, o quanto se produz e deixa de aproveitar.
Para o coordenador do projeto "Produção do Arranjo Produtivo do Babaçu e Pequi", Cristiano Cardoso, a ideia é fazer todos os levantamentos possíveis, identificar onde estão os extrativistas e ver o que produzem.
A pretensão, a partir desses procedimentos, é montar um núcleo de animação envolvendo instituições para, ao fim da realização do projeto, o plano de ação ter continuidade.

Planejamento
Também será realizado um planejamento estratégico com um plano de ação para a cadeia, além de capacitações dos produtores. Segundo o coordenador, a meta é melhorar a gestão do empreendimento, como forma de possibilitar o acesso às políticas públicas e capacitar desse modo para o processo de boas práticas de produção.
Ele afirma que o número mais exato em relação ao número de produtores, se refere ao levantamento que foi realizado por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barbalha, de extrativistas de babaçu, que são cerca de 200, com informações completas. Mas, do ponto de vista regional, há pelo menos 1000 pessoas que sobrevivem da extração do coco e do pequi.
A noção de quantidade de produtores, conforme o coordenador do projeto, é bem maior do que existe, quando se trata de termos regionais.
Cristiano Cardoso também destaca produtos como o leite de janaguba, fava danta, dentre outros. Nesse universo, o número de extrativistas se amplia bem mais. "O certo é que nossas estatísticas oficiais não conseguem dar a real dimensão da importância, tanto social, quanto econômica, do extrativismo para a região", constata.
O projeto que começa a ser desenvolvido na região, segundo o coordenador, faz parte de um acordo de subvenção do Pnud, incluindo também os ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Social, com execução da Fundação Araripe. O trabalho será desenvolvido com parcerias como a Empresa de Assistência Técnica de Extensão Rural do Ceará (Ematerce). Cristiano destaca a importância dessa atividade mais próxima da comunidade e as pessoas se reconheceram como extrativistas. "Os produtores ainda não se identificam nessa região como tal, como acontece com os catadores de castanha-do-pará e a com a borracha", diz ele.
Para o coordenador, esse é um dos primeiros passos, que considera de grande relevância. "Ele deve ter na sua declaração de aptidão, junto ao Pronaf, a identificação não apenas de pequeno produtor, mas de extrativista", ressalta.
Na sua opinião, essa é uma forma de resgate da identidade e uma compreensão como produtor nessa categoria de trabalho. Segundo Cristiano, o extrativismo vegetal se torna importante por manter a floresta em pé. As vantagens das boas práticas de produção vão desde a conservação das sementes à própria conservação das espécies, de uma forma racionalmente adequada.

Apresentação
Na última segunda-feira, foi realizada a apresentação do projeto, na sede da Fundação Araripe, no Crato, junto a algumas instituições da região, a exemplo do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), secretarias de meio ambiente, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), organizações não governamentais, Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe (APA - Araripe), Sindicatos de Trabalhadores Rurais, representantes de associações e da própria comunidade. Também foram determinadas as instituições e grupos que serão convidados para a primeira oficina de planejamento da cadeia. A ideia é que isso ocorra ainda este mês.
Cristiano Cardoso destaca a importância econômica para a região desses produtos, principalmente no período de safra, promovendo o aquecimento da economia local, estendendo-se a toda a rede produtiva. "Em torno de 15% a 20% no campo da agricultura podem ser estimulados por esses produtos", estima o coordenador do projeto.

Organização
1000 famílias, em média, sobrevivem do extrativismo do babaçu e do pequi na região do Cariri. Este número deverá de ampliar.
 
Fonte: diariodonordeste.com

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