Com o título “Bioma degradado’, eis artigo de Nilson de Araújo, professor do IFCE e mestre em Tecnologia e Gestão Ambiental. Ele aborda a degradação da caatinga, resultado de uma exploração predatória. Hoje esse ecossistema característico do Nordeste está com menos de 30% de sua área original.
No último balanço sobre as condições ambientais do semiárido, a perspectiva é desencorajadora. A degradação assusta, porquanto gira em torno de 350.000 ha/ano, piorando assim, as condições de sobrevivência no grande polígono das secas. Enquanto os especialistas alertam para o processo de desertificação crescente do Nordeste brasileiro, quase nenhuma mudança ocorre no comportamento dos vilões do meio ambiente. Com efeito, o bioma caatinga vem sendo explorado de forma predatória e teve sua área diminuída, encontrando-se hoje com menos de 30% de sua área original.
A caatinga representa o principal ecossistema da região Nordeste, distribui-se por todo o semiárido, ocupa cerca de 800 km2 de área, recobrindo, aproximadamente, 10% do território brasileiro. No entanto, 85% deles apresentam sinais avançados de degradação, tornando evidente o efeito apenas paliativo dos programas para frear esta degradação.
A flora e a fauna sofrem mutações ambientais durante as duas estações do ano: a das chuvas e a do verão. A flora possui um considerável número de espécies endêmicas, bastante importantes como patrimônio biológico. São exemplos de algumas espécies mais típicas deste bioma: imburana de cheiro, angico, mandacaru, mofumbo, jurema preta, sabiá, juazeiro e outras dezenas de espécies, próprias dessa região.
A fauna também é rica. Só para se ter uma noção dos níveis de endemismo existente, das 41 espécies de lagartos e cobras-de-duas-cabeças, 16 são encontradas somente na caatinga, o que equivale a um índice de quase 40% de endemismo; quanto aos anfíbios e répteis, o índice é de 15%. Estão em risco de extinção diversos animais característicos da região como o pintassilgo, o tatu-peba, o gato-do-mato, a onça-pintada, o macaco-prego, o bicho preguiça, dentre outros.
Há décadas que já deveria ter-se iniciado e tomado corpo um movimento centrado nas necessidades de cada município estruturar um horto florestal para produzir e distribuir mudas de vegetais resistentes às secas.
Assaz interessante será o embelezamento de todas as cidades deste imenso país, com nova cobertura vegetal, em concomitância com o reflorestamento de sítios, chácaras e pequenas propriedades rurais, o que contribuiria para começar a dar forma nova às condições ambientais. Assumindo essa posição, os gestores estarão complementando o que a bela natureza já fez.
Fonte: O Povo - Blog do Eliomar
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